CITEMOR programa 2015 QUINTA 6 AGO 22:00 Teatro Esther de Carvalho QUE SE INTERROMPAM AS FÉRIAS, QUE PARE O PAÍS CLÁUDIA GALHÓS SEXTA 7 AGO 22:00 Teatro Esther de Carvalho ELENA CÓRDOBA & TANIA ARIAS SÁBADO 8 AGO 22:00 Teatro Esther de Carvalho RAQUEL ANDRÉ COLECTIVO 84 | ![]() © RAW PASOLINI IS ME COLECTIVO 84 "Toda a obra literária, cinematográfica e até mesmo política de Pasolini parece atravessada por tais momentos de excepção em que os seres humanos se tornam pirilampos - seres luminescentes, dançantes, erráticos, intocáveis e resistentes, sob o nosso olhar maravilhado. "(Didier Huberman, A sobrevivência dos pirilampos, 2009) Inspirado neste conceito de "excepção" pude verificar como a obra de Pasolini está recheada com os conceitos de movimento e de dança, associados tanto a um carácter ritualista e cerimonial como de diversão pura. Em ambos os casos, a dança associa-se a uma liberdade (que, mais tarde, deixará de ser livre), a uma inocência (que, mais tarde, se torna uma culpa) e a uma obsessão pelas margens, nascida "daquele período elegíaco friulano / de masoquista, exibicionista e masturbador, /entre as amoreiras e os vinhedos vistos pelos olhos mais puros do mundo". São muitas vezes danças contraditórias porque ora honram a luz ora festejam o medo e o conflito. Os exemplos são inumeráveis: basta pensar na dança sem sentido de Ninetto Davoli na curta-metragem La sequenza dei fiore di carta (A sequência da flor de papel), de 1968, onde a inocência luminosa do rapaz se destaca sobre o fundo da movimentada Via Nazionale, no centro de Roma; voltamos a ver o Ninetto numa dança saltitante enquanto mensageiro de Teorema (1968); as aulas de dança assistidas por Totó e Ninetto em frente a uma taberna na periferia de Roma, em Uccellacci e Uccellini (Passarinhos e passarões), de 1966; a luta torpemente coreografada num chão empoeirado entre Accatone (Franco Citti) e o seu cunhado, em Accattone (1961); etc. Depois de um ciclo de dois anos dedicado a Pasolini, queria agora fazer uma celebração de carácter informal: abordando a sua obra poética (sobretudo aquela inédita em português), num tom comemorativo e festivo, e com a colaboração dos artistas plásticos João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira e do músico Nicolai Sarbib, pensámos num recital que estabelecesse uma relação entre a poesia derrotista do autor e o conceito de movimento e de dança. presentes na sua obra. Dei-lhe o título PASOLINI IS ME (primeira frase da canção "You have killed me" do Morrissey). "Dizem que o sistema come tudo, que assimila tudo. Não é verdade, há coisas que o sistema não pode digerir. Sei perfeitamente que a poesia é inconsumível no sentido mais profundo, mas eu quero que seja o menos consumível possível também exteriormente. O mesmo vale para o cinema: farei filmes cada vez mais difíceis, mais áridos, mais complicados e, talvez, mais provocadores, para que seja o menos consumível possível, e exactamente igual com o teatro, que não pode converter-se num meio de massas, pelo que o texto deve permanecer sem ser consumido." (Pier Paolo Pasolini, excerto da entrevista com Giuseppe Cardillo, 1969) Um recital/performance de John Romão em colaboração com os artistas plásticos João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira e o músico Nicolai Sarbib Com Albano Jerónimo, Ana Bustorff, John Romão, Mariana Tengner Barros, Pedro Garcia e Solange Freitas Recolha e tradução de poemas John Romão Intervenção plástica João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira Músicas Nicolai Sarbib Co-produção Colectivo 84, Murmuriu, Festival Temps d'Images Produção executiva Stage One O Colectivo 84 é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal / Secretário de Estado da Cultura / Direcção Geral das Artes. |