Citemor 1997



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a torneira

nu meio e o nariz de meu pai


Dom 27 Jul | 22:30 | Teatro Esther de Carvalho

NU MEIO ironiza a relação de um casal tipicamente português que se refugia no fado e no “maldizer”. O Homem – Firmino - demarca um território no meio do palco de onde as duas personagens não podem sair. A Mulher – Mila - tenta obsessivamente trepar, agarrar, sufocar este “homem-montanha”. O diálogo entre as personagens é como uma novela, cheio de lugares comuns, de palavras que explicam encontros e desencontros, de risos estridentes e de cânticos de igreja transformados em opereta.

Coreografia Filipa francisco

Intérpretes Bruno Cochat e Filipa Francisco

Música colagem do álbum Traffic D’abstraction de Pascal Comelade

Figurinos A Torneira

Desenho de Luzes A Torneira


"O nariz do meu pai

O trabalho tenta abusar da faceta autobiográfica, dos gestos, esgares, palavras e sons que nos caracterizam. Procurámos nas recordações de infância, nos delírios, nos aspectos que mais nos marcaram a base para esta coreografia. Tenta-se a reinvenção do próprio “eu”, observamo-nos de longe, despimo-nos, criticamos e coreografamos os nossos gestos.

O público é o principal motor da estória, é o terceiro actor em cena, é a ele que nos dirigimos, que oferecemos as palavras e os gestos.

No final, o público é convidado a contar uma história e a dançar. Os intérpretes passam a ser meros espelhos desse público.

Satiriza-se através das personagens a vontade de querer transmitir algo, de dizer, de ser compreendido. Este querer não passa de uma vontade egoísta de nos ouvirmos a nós próprios, da falta de diálogo, dos discursos mudos que tanto caracterizam o mundo dos nossos dias.

A banda sonora é uma colagem de excertos da ópera D.Giovanni, pois esta obra surge como uma tentativa de explicar o inexplicável: a intangibilidade do sentimento amoroso. São também utilizados excertos da música de Bjork e do filme “O Pai Tirano”.

Neste trabalho o corpo é utilizado como imagem e como elemento cenográfico. Procura-se o non-sense, o absurdo das relações entre as pessoas, o humor cortante das palavras. O canto como fundo sonoro que não é exterior aos intérpretes, faz parte do movimento perturbando-o e sendo perturbado.

O intérprete é também ele prório criador do trabalho.

O coreógrafo vai recolher dados através da improvisação, através do incentivo à investigação em livros, discos, pessoas, sonhos.

Os instrumentos de trabalho são principalmente o corpo e a voz.

O coreógrafo cria movimentos que os intérpretes conscientemente adulteram para que os sintam forçosamente necessários.


Coreografia e Interpretação Bruno Cochat e Filipa Francisco

Música excertos de D. Giovanni de W. A. Mozart, It’s ho so quiet de Bjork, excertos do filme Pai Tirano

Figurinos Edgar Massul

Desenho de Luzes Celestino Verdades

Luzes Carlos Gonçalves

Som Carla Ribeiro