Live Art Writers Network é um projeto da plataforma digital performingborders, dedicado a cultivar práticas de escrita crítica e de reflexão que acontecem em diálogo com a performance e live art, e que se entrelaçam com um pensamento crítico transnacional sobre processos criativos, publicação digital e ação política.
O projeto volta este ano ao Citemor, convidando os artistas Ed Freitas e Letícia Maia a acompanharem o festival e responderem, nas suas linguagens artísticas, aos processos criativos, discursos e apresentações englobadas no festival. A artista e académica Diana Damian Martin (Reino Unido/Roménia) acompanha Letícia e Ed com o desenvolvimento de pensamento crítico e teórico em torno de temporalidades queer e crítica anti-conformista.
por Letícia Maia
© SUSANA PAIVA
Sapatão, maria-homem, maria-macho, lésbica, sáfica, fufa, frígida, fancha, butch/femme, sapa, mona, bofinho, caminhoneira, marimacho, lenhadora, frissureira, dyke… Essa é apenas uma pequena lista dos inúmeros termos historicamente utilizados como insultos contra mulheres que se relacionam afetiva e sexualmente com outras mulheres. Embora carreguem marcas de violência simbólica, essas palavras também revelam a complexidade e a pluralidade das existências e desejos que escapam às normas heterossexuais. É desse campo tensionado — onde a apropriação da ofensa pode ser resignificada como afirmação e resistência — que a artista Sónia Baptista parece partir em Dykes on Ice.
Movida pelo desejo de compartilhar uma perspectiva atravessada por sua vivência lésbica-sáfica, a artista, ao lado de seus parceiros de cena Joana Levi (cocriadora) e Bruno Soares Nogueira (artista convidado), nos convida a adentrar uma experiência que entrelaça sua trajetória pessoal a uma reflexão crítica das práticas normativas. A partir de seu lugar enquanto mulher lésbica — cis, branca e europeia — propõe uma cartografia de representações que moldam o imaginário coletivo sobre as lésbicas, articulando dados históricos, ficções e fabulações que evidenciam as tensões impostas pela heteronormatividade.
É importante destacar que esta narrativa parte de um ponto de vista situado, atravessado por marcadores sociais específicos — para que não caiamos no erro de universalizar experiências ou de tomá-las como representativas de toda a comunidade cuír, nem de vincular tais práticas exclusivamente a corpos cis.
Dykes on Ice estrutura-se em torno da bem-humorada ideia de “lésbicas no gelo”, onde o gelo opera como metáfora para a frigidez e o medo. O uso de estratégias de espetacularização — cortinas, músicas, luzes — nos coloca rapidamente num exercício de imaginação, ou de “invaginação”, convocando-nos a quebrar o gelo. A dramaturgia articula referências musicais, audiovisuais, teóricas e populares, compondo um repertório que opera tanto pela acumulação quanto pela fricção entre elementos.
Mobilizando imagens, materiais, práticas e discursos que constroem o imaginário estereotipado das experiências sáficas, Sónia desmonta e ironiza essas narrativas, denunciando condutas e discursos que perpetuam preconceitos e violências — simbólicas, psicológicas e físicas — sustentadas por uma cultura machista e heteropatriarcal.
Logo no início do espetáculo, a artista reivindica o direito das lésbicas de falarem por si e de construírem suas próprias imagens e narrativas. Ao citar Paul B. Preciado, Sónia aponta para a coincidência entre as representações da ciência médica e da pornografia, revelando como as imagens produzidas sobre lésbicas foram historicamente expropriadas por um olhar masculino e hegemônico. Trata-se do conhecido male gaze, que ainda alimenta tanto a invisibilidade quanto a construção de estereótipos e narrativas trágicas nas quais personagens lésbicas frequentemente terminam mortas ou condenadas à infelicidade. Pensar essas representações como tecnologias de gênero é reconhecer seu papel na conformação das sexualidades e construção de nosso imaginário.
Dykes on Ice se posiciona contra essas formas de invisibilização e violência, expondo como as imposições de gênero e sexualidade ainda atravessam de modo naturalizado e violento as experiências dissidentes. O espetáculo recorre a recursos didáticos e a um humor ácido para questionar normas e crenças estabelecidas, sobretudo no campo da sexualidade regulada pela heteronormatividade compulsória. Sua desmontagem mira diretamente os estereótipos que moldam imaginários sobre quem são, como vivem e como se comportam as mulheres lésbicas.
O trabalho denuncia agressões e violências, mas também aponta caminhos de resistência. Não apenas expõe o medo e as feridas que nos afetam pessoal e politicamente, mas colabora para a ampliação de imaginários, convidando-nos a olhar para nossas feridas e fantasias, para fabular modos de resistir ao silenciamento e ao medo que ainda hoje congelam nossas entranhas. Assim, contribui para a criação de espaços onde seja possível afirmar a alegria e o desejo de mulheres que amam mulheres — ou de corpos que buscam construir e desconstruir seus modos dissidentes de amar, sem serem interrompidos pela violência.
Após assistir ao espetáculo, surgiram algumas questões que gostaria de deixar aqui como provocação reflexiva. Há um momento particularmente desconcertante quando somos lembrados de que as chamadas “terapias de reconversão”, incluindo práticas de “violação corretiva”, só foram proibidas legalmente em Portugal em 2023. Na sequência, essa violência é ridicularizada, provocando riso. Mas me pergunto se, enquanto rimos, percebemos a perversidade dessas violências ou se o riso tem um efeito de apaziguamento que buscamos para expiar nossa culpa e a nossa necessidade de agir.
Me parece haver um risco nesse riso, especialmente quando ele não vem acompanhado de desconforto. Acredito que o humor e a ironia podem operar como potentes ferramentas críticas, para inverter e deslocar relações dadas como norma. E me questiono onde se situa o ponto de desorientação, a torção cuír, que nos tira do eixo após rirmos de uma cena que encena, de modo cômico, violências reais.
O espetáculo parece ficar, em certos momentos, no limiar desse deslocamento. Contudo, o ritmo e a sobreposição de informações — por vezes num tom didático, próximo ao de uma palestra-performance — frequentemente parecem nos devolver o alívio cômico e intelectual antes que o constrangimento se instale plenamente. Nós, público engajado, ativista e/ou acadêmico, compartilhamos uma certa satisfação intelectual a cada ironia, citação ou dado histórico, o que talvez apazigue nosso desejo de ação porque também não queremos permanecer muito tempo no desconforto.
Compreendo que cuírizar as políticas do corpo nos compromete a refletir criticamente sobre os modos de produzir e pensar trabalhos artísticos, reconhecendo que esses podem colaborar tanto para a manutenção quanto para a desconstrução de imaginários. Este texto, escrito por uma artista também interessada em questionar esses processos normativos, não pretende ser uma crítica nos moldes tradicionais, mas pensar com o trabalho, afetada e seduzida por ele. Reconhecendo sua força política e poética e o mérito de Sónia Baptista, uma das mais relevantes artistas da dança/teatro em Portugal, em fazer circular essas questões nos grandes teatros — espaços onde públicos confortáveis em seus assentos normativos podem ser chacoalhados, seja pelo riso ou pelo desconforto diante de realidades que transcendem as suas.
Afinal, quantos espetáculos sobre e a partir de vivências lésbicas, produzidos por mulheres que se afirmam publicamente lésbicas ou bissexuais, temos assistido nos grandes palcos portugueses nos últimos anos?
Adoto a grafia "cuír" em vez de "queer" como gesto político e epistemológico de deslocamento do termo de suas origens anglófonas e acadêmicas hegemônicas, situando-o nas tensões, afetos e práticas dissidentes do contexto latino-americano. "Cuír" opera como tradução inventiva e desobediente, enfatizando a sonoridade das línguas ibero-americanas e recusando as normatividades que "queer" adquiriu em certos circuitos institucionalizados do Norte Global.
21/7/2025
Texto: Letícia Maia
Fotografia: Susana Paiva
2# GAY-ME: uma proposição crítica performativa em forma
de jogo
por Ed Freitas
Domingo, 12:48, Residência Vivenda Adélia Caiado
1. As regras do GAY-ME
Começo pelas mãos. As mãos que tocam, que bordam, que costuram e que depois escrevem — escrevem como quem traça caminhos sobre tecidos. Mãos que confundem-se com fios e com os veios daquilo que já vi, vivi, toquei, sonhei. É com elas que reflito — não no silêncio do pensamento abstrato, mas no atrito da matéria.
As palavras que não foram ditas — as que ficaram suspensas — pesam agora sobre os dedos. E são lançadas como dados: dados desviados, tendenciosos, enviesados. Dados performáticos. Dados que são também voz, tecido, texto e corpo.
Lanço o dado do jogo e do gesto. E logo já não sei onde termina o jogo e começa o gesto. A crítica, aqui, é escrita tênue entre escutar e costurar. É menos uma análise do que um processo de artesania sensível, onde cada palavra está carregada de vibração, escuta, subjetividade e atravessamento.
Neste jogo — apresentado entre performingborders e o festival Citemor 2025 — invento outra crítica: não uma que julga ou enquadra, mas uma que se borda junto da obra, dos afetos e dos corpos que a vivem.
Trata-se de criar dados têxteis, bordados, sensoriais, que não decidem o acaso, mas revelam intersecções: sujeitos, verbos, signos, afetos — forças que me atravessam como artista, como nordestino, como filho do sertão e da mãe solo, como pesquisador de um outro modo de dizer, de lembrar, de agir.
2. O que eu vi: o contexto e o contágio das obras
Sónia Baptista – Dykes On Ice
Um solo que se quer plural. Um corpo que se desmonta em teatralidade e se reconstrói em amor, desejo, política. A palavra "grelos" como sinal e sintoma: erotismo e política? ironia e raiva? Em 2010 ou 2025, seguimos atravessando desertos — e desertos também são lugares de presença.
Paz Rojo – Hipersueño
Delírio como forma de recusar o mundo. Uma cena que implodiu o tempo e escancarou o incômodo. O espaço da artista é ruína fértil — lugar onde o corpo se sustenta na instabilidade. O som me atravessou e algo em mim — proteína, talvez? — despertou e gemeu.
3. Os objetos do jogo: dados para ver, escrever e dançar crítica
Dado 1: Dykes On Ice
Seis lados: três cor vinho, crochetados com palavras — Solo, Corpo, Ice. Três brancos: Amor, Grelos, 2010.
Um dado que gira no mistério de dizer e de ler, entre memória e temperatura, entre erotismo e resistência. O solo é palco, é grito, é arquivo. O corpo transita: entre símbolo e suor.
Dado 2: Hipersueño
Seis lados cinzentos com letras: A, T, C, G — nucleotídeos, códigos genéticos. Dois retângulos bordados com Base e Núcleo.
Este dado não apenas gira: ele se recompõe. Ele reescreve. É um novo código genético da crítica, da minha crítica, do meu hiper-sonho — onde a biologia também pode doer.
4. Vamos jogar
Possibilidade A: role um dado por vez
Possibilidade B: role os dois ao mesmo tempo
Instruções:
U. Feche os olhos.
V. Escolha um dado.
W. Role-o.
Y. Leia a palavra que caiu.
X. Com essa palavra, escreva uma pergunta para o mundo.
Z. Pergunte sem medo.
Este jogo não se encerra com respostas — ele se alonga em perguntas.
Continue perguntando. Continue escrevendo.
Cada resposta será outra dobra. Cada dobra, um fragmento de crítica.
P.S.: SE QUISER, EXTERNALIZE UM GESTO!
Dance. Borde. Escreva. Pinte. Cante. Grite.
Cada participante faz sua ligação. Cada partilha gera texto.
As intersecções são o texto.
O texto é um mapa.
5. Arabesco final: performar pensamento como gesto
Coimbra, 20 de julho de 2025. Sol em Leão.
Bordo o tempo com os olhos de Agamben, a desobediência sáfica de Sónia, a ruína intencional de Paz.
Cada palavra que escrevo é também parte da minha dança — um convite ao (de)lírio como forma de pensamento.
"Se o mundo é passado": Paz, escrevemos para fazê-lo presente.
"Se a arte é ruína": bordamos ruínas com fios de inquietação e afeto.
"Se a experiência se paga": pagamos com o corpo, com o cansaço, com a vibração.
"Se o corpo desdobra": escrevemos para o corpo dobrado, para o corpo partilhado.
Escrever, para mim, é performar o que ainda não sei.
É transformar agulha e fio em perguntas.
É des-virar. É torcer.
É criar crítica como quem dança pontos de crochê no abismo da linguagem.
Neste arabesco crítico e sensível, cabem Sónia, Paz, o Sol em Leão (que já já será Virgem), os grelos não ditos, a adenina da resistência, o gelo do solo, o amor não nomeado, mas sempre entrelaçado.
Lanço os dados.
Eles decidem.
Eles convidam.
A jogar.
A perguntar.
A viver.
*
Anexo desviado
Players do GAY-ME:
Nilo Gallego (Orquestina de Pigmeos)
¿A que hora voy a dormir hoy?
Ice - Adenina - Ice - Citosina - Ice - Adenina - Guanina - Grelos - Adenina - Grelos
Chus Domínguez (Orquestina de Pigmeos)
¿Por qué jugar?
Solo - Timina - 2010 - Guanina - 2010 - Adenina - Adenina - Solo - Adenina - 2010
22/7/2025
Texto: Ed Freitas
Fotografia e vídeo: Ed Freitas
#3 Sinais e sussurros para um realismo mágico praticado, efeitofeitiço em Hipersueño de Paz Rojo
por Letícia Maia
estou sentada de olhos fechados sob-sobre uma superfície em ruínas. lisíssima. higienizada. é assim que ela se parece. não a vejo, mas a sinto — como tudo que me cerca.
meu corpo vibra em resposta a toques que vêm do invisível. luz, som, outros corpos, olhares, presenças que tocam minha carne, e para as quais ainda não foram inventadas palavras.
situo-me entre o sono e a vigília, um estado de dormência que depois se converte em canal de vibração. devir. manifestação. passagem para germens de mundos em nascença.
mas agora, estou sentada sob-sobre a ruína lisa. uma luz azul-rosada — ou violeta — cobre parte do espaço até a zona do fundo escuro. tudo aqui ressoa: som, passos, gestos, respiração, batimentos, ruído. dentro-fora-espaço-tempo sem divisão de planos.
sinto a presença de outro corpo que agora me toca. meu coração acelera e toda a minha pele se arrepia. mas não reajo. permaneço nesse estado de latência, enquanto sou conduzida por profecias de mundos vindouros. entre mover, ser atraída e movida por forças invisíveis, indizíveis — abrimos espaço para um animismo sensorial em contato com desconhecido.
habitamos esses entretempos-espaços interpolados — antes, agora, depois, aqui, lá. percebo quão pequeña soy e me abro à relacionalidade radical que me chama. gesto radial. raios que partem de múltiplos centros estelares e se irradiam por meus órgãos. mírame, no estoy dormida. estoy en un estado de hipersueño entre espacios y tiempos. aunque estoy aquí, también estoy allá.
posicionadas em vórtices espaço-temporais, ouvimos sussurros que emergem do mistério. convocam-nos a ver o escuro que as luzes da modernidade-colonial-capitalista insistem em ofuscar. prática de evocação e invocação que posiciona o corpo como espaço poroso, canal para forças que se aproximam em forma de sinais e sussurros — um exercício de miração fabular que nos convida a coabitar mundos outros. abrindo nosso imaginário mágico-sensível.
em fragmentos descontínuos, nossos sonhos, desejos e delírios rondam e pousam sob-sobre as ruínas como moscas varejeiras cintilantes. anunciam o fim em decomposição e o começo germinado por larvas que brotam da matéria em ruína. enquanto buscamos beleza-borboletas ou o romantismo das abelhas polinizadoras, são as moscas — essas corporalidades sujas, mundanas, abjetas ao nosso olhar — que espalham seus ovos invisíveis. proliferam sobre, ao lado, sob nossos corpos. não as vemos — mas estão por toda parte em brotação.
estoy sob-sobre las ruinas y me muevo a través de diferentes planos. sí, sí, sí — transito entre dormência e condução. há reciprocidade em tudo que vibra. luz, escuro, som, movimento. os líquidos do meu corpo se movem em uma (des)sincronia viva, em ressonância com o enigma. turbulência no contato corpo-a-corpo. o toque súbito, intenso, entre intimidade e brutalidade, enuncia a presença de forças que nos mobilizam.
nosotras transitamos entre esses estados: dormência e vigília, sonho e hipersueño. conduzir e ser conduzida. movemo-nos entre planos espaço-temporais. encaixar, tocar, empurrar, alisar, apertar, bater, torcer, girar, arrastar, suspender, convocar — otros cuerpos en latencia. hay muchas como nosotras, las evocamos desde el misterio.
mis ojos se cierran una vez más. dejo me llevar por una extraña turbulencia que desorienta mis sentidos. nuestros cuerpos son una antena, un canal para fuerzas invisibles que insisten en manifestarse en una fenomenologia somatosensorial.
torpor cotidiano interrompido pelo contato com o outro, com o porvir, com o que já foi — desejo, delírio, alucinação. confabular portais. abrir campos para forças-guia. pernas bambas. aquelas que dançam se deslocam por tempos descontínuos, espaços limiares, antes e depois, entre fins e começos de mundos.
em outras camadas, nos movemos juntas por essa cosmogonia inventada entre escombro e brotação. sintonização. manifestação. proliferação. ecolalia. grito estrondoso que toca o intocável. enquanto o escuro nos engole, o som vibra e chacoalha as ruínas onde assentamos nossos corpos, ideias e fabulações.
meus olhos se abrem devagar. dançar o desconhecido. exercício de transição entre elos temporais fragmentados. pistas. indícios. canais. confluência entre o que foi, o que é e o que se imagina.
persistência da paisagem fabular. (des)aparecer. olhos. ossos. órgãos. carne. pele. matéria. entrelaçamento. interdependência. enredamento. evocação. captar a textura sensível-sensual de uma percepção mais que humana.
no hay lugar de origen al que regresar. ningún futuro delineado. con-fabulemos juntas. movámonos en el misterio, entre tiempos y espacios, muerte y vida, un estado umbral de presencia, ni principio ni fin, o mejor: principio y fin, punto de transición, cosmología liminal.
algo grita em nós. futurar. sonhar. imaginar alucinadamente. efeitofeitiço de contaminação. enredamento. enunciação. ouçamos as outras — as que virão do reencantamento. enigma de outros mundos, prontas a lamber o invisível. de nós: resíduo, vestígio, iminência. enlace entre sonho e despertar. ficção e realidade. sinais e sussurros para um realismo mágico praticado.
epílogo
Este texto parte de um exercício de escrita automática, realizado durante e após a apresentação. Os desenhos que o acompanham foram feitos no escuro, durante o espetáculo, em resposta direta aos efeitos performativos de desorientação que este produziu em meu corpo. O texto busca refletir, por meio de um fluxo de pensamento espiralado e descontínuo, uma cartografia sensível que foge da lógica cartesiana, abraçando a imprevisibilidade e a corporificação como exercício de pensamento crítico.
Hipersueño integra a série de investigações Morir Bien, da artista espanhola Paz Rojo, e conta com a participação de Arantxa Martínez e criação sonora de Luz Prado. O trabalho foi apresentado no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, no contexto do festival Citemor 2025.
25/07/2025
Texto e fotografias: Letícia Maia
Live Art Writers Network colaborou com o festival em 2022 e 2024, fazendo parte da comissão de respostas críticas publicadas na plataforma performingborders:
2022 - performingborders x Citemor
2024 - performingborders x Citemor
A edição 2025 do projeto é programada e concebida por performingborders e Citemor, com Diana Damian Martin e o Royal Central School of Speech & Drama - Univerity of London.
Letícia Maia e Ed Freitas foram selecionados por performingborders em parceria com Dori Nigro e Paulo Pinto.
Mais informação sobre o projeto pode ser consultada em performingborders.com