Citemor 2006


  ©

pedro carraca e dinarte branco

o senhor armand, vulgo garrincha


Sab 5 Ago | 22:30 | Sala B


Não se lembram do Garrincha? A estrela do Botafogo. O índio de Pau Grande? O terror de todos os guarda-redes? O maior avançado de sempre? Um dia o actor Eric Elmosnino descobriu um artigo sobre Garrincha. Um parágrafo suscitou o seu interesse: mencionava-se aí uma camioneta na qual Garrincha tentou que um seu amigo o levasse ainda uma vez para jogar à bola, agora que estava moribundo. Jogar à bola uma vez só. Dar uns pontapés nessa bola que toda a vida lhe acompanhara a trajectória trágica. Roído pelo álcool, os cigarros e os acidentes da vida, Garrincha morreria daí a poucas horas. Eric Elmosnino leu este artigo e sonhou... pediu a Serge Valletti que escrevesse um monólogo. Esta é uma peça sobre o tempo, esse vândalo, que destrói as almas e quebra as penas dos artistas abençoados pelos deuses. E aqui começa a história do senhor Armand. Um francês. Também jogou futebol. Chamavam-lhe “Garrincha”. Fala, conta, sonha.

 

 

“Antigamente dizia-se cavalheirismo, desportivismo. Hoje, em português moderno, é fair play... Garrincha é o criador do maior lance de fair play do desporto mundial. Recordemos. O jornalista Mário Filho, no livro O negro no futebol brasileiro, conta como começou um dos mais belos gestos da história do futebol: jogavam Botafogo e Fluminense – dia 27 de Março de 1960. Garrincha inventou a mais pura jogada do futebol brasileiro: o da bola fora quando um adversário se machuca. Inventou essa jogada num Fluminense-Botafogo. Pinheiro foi rebater uma bola, estoirou um músculo. A bola sobrou para Garrincha que invadiu a área. Podia fazer o golo, mas viu Pinheiro caído e, tranquilamente, como se fizesse a coisa mais natural do mundo, atirou a bola para fora. Era um Gandhi do futebol florescendo, subitamente, em meio ao incêndio das paixões de um jogo. Altair, quando foi bater o arremesso, chamado lateral, compreendeu que tinha de retribuir. Aquela bola não era do Fluminense, era do Botafogo. E foi do Botafogo, dando início a uma tradição brasileira, que ganhou o mundo, que já é cultivada em qualquer rincão onde se jogue bola”

Duda Guennes, “A Bola”

 

 

Autor Serge Valletti

Tradução Ângela Leite Lopes, versão de Olinda Gil

Direcção Pedro Carraca 

Interpretação Dinarte Branco

Desenho de Luz Feliciano Branco

Produção O Meu Joelho

Direcção de produção Ana Meireles

Co-Produção Associação Alkantara e Teatro Maria Matos

 

 

> Bilhete: 10€ Bilhete com desconto: 7€

(desconto aplicável a menores