Citemor 1997

O Azul é puro, profundo, sugere a eterna tranquilidade resolvendo as contradições. Segundo Kandinsky “é ao mesmo tempo um movimento de afastamento do homem e um movimento dirigido unicamente para o seu próprio centro e que desperta nele o desejo de pureza e uma sede sobrenatural”. Esta dimensão profundamente humana que aproxima o homem de algo que o transcende, é uma declaração de intenções que raramente é perceptível no espectáculo.

A Esmeralda é ambivalente, as suas características podem sugerir ciências ocultas e malditas, mas também clarividência, fertilidade e imortalidade. Nesta côr tudo é movimento; as suas propriedades benfeitoras, surgem, pelo conhecimento que tem dos infernos e da sua capacidade de dialogar e convencer os demónios.

Esta contradição de côr e de significado, levou-me a trabalhar essencialmente sobre a dinâmica da violência, da banalidade e da futilidade. Tomei como princípio a ilustração do ser humano bestial posto a nú pela sua incapacidade em gerir contradições.

Azul Esmeralda é uma obra excessiva e por excesso torna-se numa celebração desenfreada da estupidez, da violência sem objectivo definido e da futilidade insaciável de alegria.

Paulo Ribeiro

A Companhia Paulo Ribeiro, fundada em 1995 é uma Associação Cultural e surge como resultado natural do trabalho do coreógrafo Paulo Ribeiro durante cerca de dez anos. É uma estrutura ligeira que privilegia a produção do trabalho de autor deste coreógrafo, quer para a criação de novas obras, quer para a circulação nacional e internacional de obras em reportório. Paralelamente, a companhia desenvolve ainda um importante trabalho pedagógico, através da realização de aulas regulares e workshops, bem como, desde 1996, uma componente de intercâmbio artístico internacional, através do convite a coreógrafos de renome para a remontagem de obras de referência da dança contemporânea.

Coreografia Paulo Ribeiro

Intérpretes Cláudia de Serpa Soares, Leonor Keil, Mathilde Lapostolle, Paola Morena, Paulo Ribeiro, Peter Michael Dietz, Rowan Thorpe

Música Nuno Rebelo

Cenografia e Adereços Ideia Fixa

Apoios Ministério da Cultura, Prix d’auteur du Conseil Général de La Seine Saint-Denis, França (Rencontres Chorégraphiques Internationales, 1996)

Figurinos Maria Gonzaga

Desenho de Luz Paulo Graça

Co-produção Teatro Nacional de São João, Companhia Paulo Ribeiro