Citemor 1997
coletivo de teatro o grupo
as maminhas de tirésias, nós e o apollinaire
Sab 26 Jul | 22:30 | Castelo
a) Texto que queremos transpôr na integra para a cena, não sabendo as partes que vamos sublinhar. Também não sabemos a personagem ou personagens que vamos desempenhar, e quando soubermos, não sabemos se será “nossa” até ao fim.
Existimos nós, a personagem ou personagens, e tudo aquilo que nos parece inevitável fazer — outras personagens.
b) O nosso corpo que expõe. Uma das principais fontes de criação. Influência forte nas relações de todas as personagens.
c) Palavras independentes do texto, “As Mamas de Tirésias” (palavras trabalhadas com base em improvisações ), que são a intervenção social, política, de que queremos ter consciência. Reflexões da vida interior de cada um, (o que é urgente e inevitável dizer).
d) Vários espaços: — Espaço não convencional para a prática teatral
— Hipotético cenário da peça
— Plateia dentro do hipotético cenário da peça, para os actores se poderem ouvir. (cada um encontrou algo que era inevitável expôr). Espaços que funcionam como uma das bases de criação.
Inquietação artística, de não sabermos afinal como representar esta obra que queremos pôr em cena. Queremos procurar. Queremos experimentar.
Não temos nada. Apenas estes estímulos que são o ponto de partida.
Sem o medo de estarmos no vazio.
REFLEXÃO FINAL
A iminência do fim
Dum fim que já não tem princípio.
Espalhafato. Grito.
Quero que me oiçam.
Não quero esperar, esperar-te
Estou sempre à tua espera.
Tudo acaba.
Tudo acaba.
Tudo acaba.
Nada para sempre.
E eu a dizer-te que amanhã sim, mas depois de amanhã eu não a certeza.
Eu não sei mais nada.
Quero-te dizer: Eu não sei mais nada.
ITT. IPP. URRA!
É tudo fácil.
É tudo difícil.
O meu prazer é só olhar-te e tu estás para aí caída num canto a gemeres.
Mas eu não acredito e amanhã não vai ser possível.
Amo-te é verdade. Amanhã não vai ser possível.
Nunca é possível.
Nunca é possível.
Porque é sempre muito tarde.
Porque existe sempre alguém.
É assim. É a vida.
A vida!
Que vida.
onde!
Para quê
A iminência
Eu tenho medo
sozinho — sempre sozinho —
Eu tenho muito medo.
Miguel Moreira
Texto Apollinaire
Encenação Miguel Moreira
Intérpretes Amilcar Azenha, André Louro, António Olaio, Carla Ribeiro, Clara Marchana, Maria João Pereira, Maria Radich, Luís Câmara, José Pedro Garcia, Sandra Barata
Dramaturgia Helena Azevedo e Miguel Moreira
Tradução Eugénia Vasques
Espaço Cénico Jorge Moreira
Figurinos Rui Silvares
Execução de Figurinos Alice Rolo
Movimento Félix Lozano
Design Gráfico e Fotografia Rui Lopes Alves
Programa Suzana Durão e Miguel Moreira
Desenho de Luz Pedro Machado
Desenho e Operação de Som Fernando Figueiredo
Divulgação Paulo Lázaro
Produção O GRUPO
Direcção de Produção Ana Saltão
Assistentes de Produção Filipa Hora e José Pedro Garcia
Direcção Artística António Olaio