Citemor 2000



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lugar vagon

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Sab 22 e Sab 29 Jul | 24:00 | Palácio das Infantas

co-produção, residência de criação, estreia

“Vemos o Lugar Vagon como um livro de pintar para crianças.

Ao abrí-lo, e depois de deparados com o título “A Casa” incrito na capa, iniciamos uma viagem ao interior de um universo por vezes realista, expressionista, surrealista ou ainda fantástico. Dizemos “livro de pintar” porque o que apresentamos são apenas imagens/fragmentos que nos indiciam a uma descoberta, a um identificar pessoal daquilo que vemos. Queremos poder provocar reacções de espanto e de leveza – quando mostramos situações tão normais dentro de uma casa mas que nos deslocam para uma percepção anteriormente desconhecida.

Procuramos que o espectador/leitor se identifique naquilo que vê – porque o que fazemos no Lugar Vagon é tão simplesmente atribuir novas sensações e emoções a hábitos tão frequentes nas nossas vidas – como cozinhar, limpar, tomar banho, dormir, etc.


Vemos o Lugar Vagon como uma caixa de música.

A casa como caixa de música, partitura de ritmos naturais de movimentos, que vão compondo e acompanhando a acção do habitar.

As notas de um texto sugerido numa linguagem que se inscreve no momento e que por isso indica um possível caminho a preencher. E enquanto vemos a figura de alguém que roda a corda-relógio-de-música, entramos no interior do pensamento ouvido conduzido pelo som que também se enerva, ama, apressa, recolhe-se e adormece.


É através da casa, anfitriã de sensações, e do seu texto musical que as personagens se constroem, encontrando-se porque foi o lugar que as trouxe à presença, passando a habitar. E porque foi a música que antecipou, acompanhou e apareceu durante esse viver.

A ideia que nós temos deste sítio... há sempre música a ser tocada e pessoas a ouvi-la.


Apresentámos este espectáculo em Lisboa em Julho de 1999 e mais tarde em Maio e Junho de 2000. Vir ao Citemor com o Lugar Vagon é para nós como separar uma criança do seu ambiente materno, uma viagem que significa um amadurecer, um crescimento efectivo tanto para o próprio espectáculo como para nós os cinco que o criámos.


Desde o princípio que encarámos a entidade espaço como fundamental para o trabalho que queríamos fazer. O cruzar de um espaço natural com um espaço de representação foi um objectivo para nós em 1999, e volta a sê-lo agora quando somos defrontados com um novo espaço natural.


Ambos os espaços (o de Lisboa e este aqui em Montemor-o-Velho) têm uma característica comum: possuem um universo histórico, de memórias que nos são ausentes – é como que ocupar um lugar que não é nosso, aliás, que já não é de ninguém. Apresentam-se-nos como espaços vazios, buracos numa vivência que se esqueceu das suas existências. A nossa ideia primeira, quando pensamos em lugar, é uma ocupação que pode e deve transcender a noção de cenografia. Não queremos adaptar o espectáculo a um espaço – como acreditamos que não o fizemos em Lisboa e desejamos não o fazer aqui – mas recriá-lo a partir de uma memória daquilo que ele foi, antes mesmo de o ser, para atingirmos uma comunhão entre o lugar e os nossos corpos que o ocupam.

Lugar Vagon


Criação Ana Lacerda, Bruno Alexandre, Mafalda Saloio, Pedro Cal, Suzana Branco

Ideia inicial e direcção Mafalda Saloio, Pedro Cal

Direcção de aquecimentos Suzana Branco

Operação de luz Joana Melo Antunes

Operação de som Rui Teigão, Gonçalo Pinheiro

Desenho de luz Joana Melo Antunes, Pedro Cal

Escolha musical colectivo

Montagem musical Hugo Costa

Cartaz António Pinto, Pedro Cal, Miguel Graça

Figurinos e adereços colectivo

Electricista Sr. César

Fotografia Bruno Alexandre, Jorge L. Alves, Raquel F. Neto

Banda sonora Andrew’s Sisters, Aretha Franklin, Astor Piazolla, Balanescu, Béla Bartók, Danças Ocultas, Gorécki, Héctor Fabio Arismendy, Heróis do Mar, Isabel Alvarez, Jean-Paul Bataille, Maria João e Mário Laginha, Mick Harvey, Orquesta de Maputo, Pascal Comelade, Tarkan

Produção Lugar Vagon