Citemor 2001

Naquela altura eu não percebia as mulheres. Aliás agora também não. Nem os homens. Nem os animais. O que percebo melhor, e não é dizer muito, são as minhas dores. 

A novela "Primeiro Amor" começa num cemitério e termina com um parto. Há espaços que se percorrem: uma casa, um banco de jardim, um estábulo, outra casa. Uma voz, sem nome, fala e consegue contar uma história, a sua. Deprimente, escatológica, lírica, divertida. Mais ou menos uma história de amor. Podia ser outra, diferente mas parecida. 

"Primeiro Amor" faz parte de um conjunto de quatro novelas, os primeiros textos de ficção que Beckett escreveu em francês, no pós-guerra, antes de "À espera de Godot". As outras chamam-se "O Expulso", "O Calmante", e "O Fim", monólogos de vagabundos e inadaptados, com o crânio numa lástima, atravessados por temas, lugares, objectos e expressões comuns. Ainda se contam histórias, ainda há uma espécie de personagens. Depois, só bocados e vozes, interrupções do silêncio. 

Sempre tive a sensação de que em mim havia um ser assassinado. Assassinado antes de nascer. Eu tinha de reencontrar esse ser assassinado, voltar a dar-lhe vida. 

Samuel Beckett 

Espectáculo de Miguel Borges

Texto Samuel Beckett 

Tradução Francisco Frazão 

Cenografia e figurinos Rita Lopes Alves e José Manuel Reis 

Desenho de luz Pedro Domingos 

Colaboração Gracinda Nave, Pedro Carraca, Jorge Silva Melo, Pedro Marques e Paulo Claro

bilhete: 1 500 Esc. | bilhete com desconto: 1 000 Esc.

(desconto para < 25 anos, estudantes, portadores de cartão jovem e profissionais do espectáculo)