Citemor 2003


  ©

francisco camacho

superman seguido de 

dossier hitch


Sab 9 Ago | 22:30 | Teatro Esther de Carvalho

residência de criação, apresentação informal

Uma das características mais visíveis do meu trabalho enquanto criador tem sido a abordagem de diferentes figuras da nossa história e cultura em espectáculos distintos: D. Manuel II em “O Rei no Exílio”, Le Corbusier em “Quatro e o Quarto” e “Primeiro Nome: Le”, D. Sebastião e S. Sebastião em “Dom São Sebastião”, Oscar Wilde e James Bond em “My name is Wilde, Oscar…Wilde”. A escolha destas figuras rege-se por critérios distintos e nem sempre o fascínio é um deles. Mas é-o, em definitivo, quando elejo Alfred Hitchcock e a sua obra como âmbito temático de um trabalho. A minha paixão pela sua obra surgiu na passagem da infância para a adolescência. Em 2000, toquei pela primeira vez o universo hitchcockiano na peça “Superman”. Nesta, desdobrava-me sucessivamente em personagens distintas culminando na Madeleine interpretada por Kim Novak no filme “Vertigo” (A Mulher que viveu duas vezes). O fascínio de artistas de diferentes áreas pela obra de Alfred Hitchcock não é novo, e a sua obra tem sido revisitada regularmente quer no cinema quer nas artes plásticas, e ainda nas artes performativas. 

Neste projecto pretendo prosseguir com a investigação em torno da visão e descodificação dos géneros sexuais e das sexualidades, da capacidade de extrapolação para a linguagem coreográfica da linguagem e imaginário cinematográficos, das potencialidades de diálogo entre a presença ao vivo e a projecção vídeo, e sobre a perenidade do nosso património histórico e mítico. No âmbito temático, o fascínio pela personalidade e obra de Alfred Hitchcock conduzirão a uma revisitação subjectiva do catálogo de obsessões do autor, com incidência na vertigem ou na mulher como o ser da vertigem, detonadora do oculto, presente no mundo para a perdição das almas e dos corpos, assim como a omnipresença do Mal e o desejo pleno, o sexo e o oculto. Não serão iludidos os aspectos de misoginia, numa perspectiva crítica. A desmultiplicação da presença de écrans/projecções permitirá a relação directa, dialogante do corpo do intérprete com a projecção vídeo, a par da citação de cenas de filmes agora representadas ao vivo.

Versando uma vez mais o tema da identidade, alternarei entre a encarnação de diferentes figuras, que poderão ir desde as suas actrizes/personagens femininas – louras e morenas – até aos homens – heróis e vilões – passando eventualmente pelo próprio Alfred Hitchcock,  adicionando o elemento da relação entre o criador e a sua criação, e das suas famosas aparições.

Objectivo maior é sentir no público a mesma suspensão, o mesmo efeito de recuo físico revelador de espanto e assombração, que se verificou em "Superman" no momento em que retirava a máscara e revelava o rosto de Madeleine/Kim Novak.

Francisco Camacho


Dossier Hitch terá estreia em Coimbra a 2 e 3 de Dezembro, no Museu dos Transportes.


concepção, coreografia e interpretação (Superman) Francisco Camacho

video Catarina Campino

caracterização Jorge Bragada e Helena Batista

colaboração David Miguel, Isabel Peres, Carlota Lagido e João Galante

produção Eira

agradecimentos Bombeiros Voluntários Lisbonenses, Clemente Cuba, Pedro Duarte, Ana Direito e Carlos Dias


> Bilhete: € 10 Bilhete com desconto: € 7

(desconto aplicável a menores de 25 anos, estudantes e profissionais das artes do espectáculo)