Citemor 2017

LOOPS.LISBOA

SEX 17, SAB 18, QUI 23, SEX 24 e SAB 25 NOV - 18:00-22:00

Quarteirão das Artes, Montemor-o-Velho


Pode dizer-se que a imagem-base que compõe um loop — seja ela narrativa ou abstrata, linear ou desconstruída, de curta ou longa duração — é, por definição, como uma ilha. Uma estrela. Uma peça isolada.

Mas a magia da linguagem do loop, este ponto de partida histórico para o cinema e a videoarte, é precisamente o seu próprio nome; o seu próprio dispositivo; a sua própria existência enquanto ferramenta. O loop faz da ilha um arquipélago; da estrela uma constelação.

A loop is a loop is a loop.

A diversidade de olhares sobre o conceito de loop marca tanto os 135 trabalhos inscritos quanto os três finalistas do LOOPS.LISBOA 2016: trabalhos que também dialogam com o cinema, o teatro, a performance, o ativismo, a poesia. A exaustão do loop de “Zootrópio” de Tiago Rosa-Rosso Carvalhas; os segundos de terrorismo poético que se transformam em suspensão de tempo de “Today, I am just a butterfly sending you a sentence” de Patrícia Almeida; e a extensão dos limites do espaço de “Laje Branca” de Pedro Vaz, perfazem o recorte curatorial da segunda edição de Loops.Lisboa no âmbito do Festival Temps d'Images Lisboa.

ALISSON AVILA


Júri de Pre-Seleção: Irit Batsry (presidente), Alisson Avila, António Câmara Manuel, David Cabecinha

Júri de Premiação: Emília Tavares (presidente), Gary Hill, Miguel Rios.


Entretanto, estão abertas até ao dia 15 de Novembro, as inscrições para a próxima edição do LOOPS e os três finalistas serão exibidos a partir de 5 de Dezembro no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado. Mais informações no site Temps d'Images.

Tiago Rosa-Rosso Carvalhas

Zootrópio


A terra é azul como uma laranja

Jamais um erro as palavras não mentem

Elas não lhe dão mais para cantar

Na volta dos beijos para se entender

Os loucos e os amores

Ela sua boca de aliança

Todos os segredos todos os sorrisos

E que roupagens de indulgência

Para acreditá-la inteiramente nua

As vespas florescem verde

A aurora se enrola no pescoço

Um colar de janelas

Asas cobrem as folhas

Você tem todas as alegrias solares

Todo o sol sobre a terra

Sobre os caminhos da sua beleza

PAUL ELUARD


Realizador Tiago Rosa-Rosso

Actores António Dente, Miguel Plantier, Inês Cartaxo, Ana Monteiro

Cor; 16'

© Patrícia Almeida

Patrícia Almeida

TODAY, I AM JUST A BUTTERFLY SENDING YOU A SENTENCE*


No dia 15 de Abril de 2015, Josephine Witt, ativista “free-lancer”, interrompe a conferência de imprensa do Banco Central Europeu (BCE) atirando ao seu presidente, Mario Draghi, confettis e panfletos. Essa intervenção, desde o momento em que a ativista se levanta da primeira fila até ser levada pelos seguranças, durou 23 segundos. No entanto, as fotografias feitas pelos jornalistas presentes na sala vão circular durante as próximas 24 horas nas televisões e imprensa do mundo inteiro. Este vídeo é uma montagem e uma tentativa de reconstituição dos micro-acontecimentos presentes nas fotografias encontradas desse evento.

Confronta o tempo original da ação, com o tempo fotográfico – expandido – desse mesmo acontecimento.

* Frase do manifesto de Josephine Witt sobre o seu protesto contra o BCE


Video, 7'

Patrícia Almeida

Montagem David-Alexandre Guéniot e Patrícia Almeida

Agradecimentos Raquel Castro e Festival Verão Azul

©Pedro Vaz

Pedro Vaz

LAJE BRANCA


O filme Laje Branca é um take único de duas câmaras cobrindo 180º de direcções cardiais opostas de uma ilha.

A ilha é uma laje branca, rochosa e nua, rodeada de uma paisagem montanhosa distante. Um homem caminha o limite do seu perímetro exterior. O movimento de progressão e a cadência da ondulação marítima são os dois únicos elementos móveis num cenário profundamente estático.

O seu percurso vem a delinear-se elíptico e a revelar volumetria na formação rochosa, o que sugere uma suspensão.

A pesquisa do autor, sobretudo em pintura e vídeo-instalação, tem sido dedicada às possibilidades e extensões da paisagem. Leva a cabo uma prática empenhada numa abordagem fenomenológica – a paisagem enquanto paisagem vivida. Para isso, inclui no seu processo de trabalho a expedição e a caminhada. Procura um encontro autónomo entre o corpo presente e o lugar.

Interessa, neste filme, a intercepção entre formular uma paisagem e a consciência de a estar a formular. Projectar para exterior a paisagem conforme filtrada pelos seus olhos protésicos, mas manter-se, ou regressar, ao que é visto como quem ainda não tem a capacidade de ter consciência que vê.


Laje Branca, 2016

Cor, 1:1, 1080p

3’24’’ Loop