Citemor 2004

“A vida é queimar perguntas”

Antonin Artaud

Adivinhem, se todos fossemos bons como seria o mundo?

Pensar em vinte receitas rápidas de comida exótica e portanto desconhecidas, para o senso comum da nossa sociedade ocidental, não é simples.

E fazer deste acontecimento um concurso de troca de beijos, na boca, secos, molhados, rápidos, doces, lentos, com duração aproximada de 25 segundos, não é simples.

Por outro lado podemos especificar o outro momento do jogo, que fala de carícias, onde os participantes ao tal concurso de beijos, entram numa selecção natural. 

Escolhemos um, dois, ou aceitamos outras sugestões, e introduzimos os elementos num novo prato cozinhado lentamente, mas que oferece o direito a uma degustação mais saborosa. 

Não sei se a lentidão é sinónimo de qualidade...

As carícias podem ser no forno, entre as pernas ou no ponto mais cozido do corpo. A parte ideal para cozinhar no forno é a nuca. 

Assim, com subtileza elaboramos uma espécie de prato exótico versus erótico, que propõe uma novidade para as receitas de sedução e de prazer convencionais. 

No fundo, é uma boa forma de enganar as pessoas, mas de nos divertir  no fundo durante a elaboração de um prato, que no fundo não é exótico, mas que bem disfarçado, no fundo,  ninguém dará conta da diferença.

Quanto mais altos forem os seus saltos e mais volumoso o seu cabelo maior será o seu êxito na cozinha. Leve as cuecas sujas de dois ou três dias de preferência. Pode também adquiri-las pelo valor de 20 €. Tente mostrar que o seu corpo sofre mutações animais, isto é importante para a parte das carícias. Nunca diga estas palavras no momento de cozinhar o prato: os sentimentos atrasam, as paixões atrasam, as intuições atrasam.

Falar cru, ser cru, amar cru e morrer cru. Amor Cru é uma história crua, um instante cru, um sonho de corpos crus que vivem a sua catástrofe na sua própria pergunta. Falar do amor, da crueza e da invenção de memórias. Está é uma “história para queimar perguntas”.

Amor Cru pretende ser um espectáculo parcial, um espectáculo que têm ausências. 

As palavras não enchem o espaço, antes esvaziam-no.

Este espectáculo é cruel porque feito de ausência.

Susana Vidal

Criação Susana Vidal e Eric Costa

Texto Susana Vidal

Dramaturgia Ana Vicente, Eric Costa, Susana Vidal

Interpretação Carla Ribeiro, Sara de Castro e Susana Vidal

Fotografia Pilar Mayorgas

Engenheiro de robótica e sonoplastia David Palma

Voz Teresa Lima

Apoios Instituto das Artes, Câmara Municipal de Almada, Câmara Municipal Lisboa, Casa Conveniente, Companhia de Teatro de Almada, Gtist, Bomba Suicida, Teatro O Bando, Olho e Centro Cultural de Belém

Agradecimentos Mónica Samões, Alberto Lopes, Teresa Prima e José Pelicano

Co-produção Teatro Útero e Citemor

Bilhete: 10€

Bilhete com desconto: 7€

(desconto aplicável a menores de 25 anos, estudantes e profissionais das artes do espectáculo)