Citemor 2011

© SUSANA PAIVA

TEATRO DA GARAGEM 

SEDE


Sex 29 e Sáb 30 Jul | 22:30 | Castelo 

CO-PRODUÇÃO, RESIDÊNCIA DE CRIAÇÃO, ESTREIA

A Sede é um projecto de teatro intermedial. A partir da peça homónima de Eugene O ́Neill, o espectáculo congrega num espaço cénico privilegiado, o Castelo de Montemor-o-Velho, actores, artesãos do som e da imagem e um conjunto de instrumentos técnicos, de captação e emissão de imagem e som, que permitem a imersão na experiência teatral. A regra de ouro desta forma de contar histórias é que tudo acontece aqui e agora, no momento em que se apresenta e em função do lugar onde se está.
A desestabilização da noção de espaço e de tempo; o não saber onde estamos, para onde vamos, quem somos, a vertigem intermedial, se desemboca numa espécie de abismo inebriante é, também, o lugar e o tempo da Catedral reinventada, das vozes dos Anjos a soarem de novo, da religiosidade impregnada de Mistério, do esforço consagrado da Esperança. O texto que escolhemos representa um choque Moral, uma peça violenta em que personagens sem remissão, à deriva num mar infestado de tubarões, exprimem, no seu exemplo trágico, a necessidade de remissão ou, pelo menos, de retomar um espírito fraterno urgente, que não se baseie apenas no deve e haver, primário, das contas de merceeiro, que tanto enfeitam a sobrevivência nos nossos dias, ou na unção mistificadora de oráculos economicistas. 

O Homem é, seguramente, mais que cifrões, mercados, défices, dívidas (e que seríamos nós sem dívidas? Talvez não existíssemos...), produtividade, bom comportamento, numa síntese brevíssima: nenhum homem pode resgatar a sua dignidade de chapéu na mão. 

Se o texto de O`Neill choca pela sua crueza é porque ela retoma a Carne e a Dor, a necessidade de acordar desta sonolência, resultante de um medo induzido, que acobarda e desmoralisa.
Julgo ser necessário pôr o chapéu na cabeça e olhar em frente, sem desvios nem complexos; julgo, como cidadão e artista, que há uma miséria bem mais funda que os bolsos vazios que é essa de ficar calado, de, mesquinhamente, não olhar o próximo, de rejeitar o face-a-face, a responsabilidade de dizer, face-a-face, ao que vimos e o que nos propomos fazer. 

Que o teatro, neste espectáculo que se apresenta, possa servir esse desígnio de acção fraterna, sempre inacabada, sempre imperfeita, sempre em esforço de reconhecimento.
Carlos J. Pessoa 

 

Texto Eugene O’Neill 

Encenação e concepção plástica Carlos J. Pessoa 

Dramaturgia David Antunes 

Interpretação Ana Palma, Carolina Matias, Carolina Sales, David Cabecinha, Fernando Nobre, Maria João Rêgo, Maria João Vicente, Miguel Mendes, Nuno Nolasco, Nuno Pinheiro, Paula Moreira, Teresa Machado e Tiago Lameiras 

Cenários e Figurinos Sérgio Loureiro 

Música (composição e interpretação) Daniel Cervantes 

Desenho de Luz Miguel Cruz 

Apoio Técnico Carla Castro 

Vídeo Teresa Azevedo Gomes 

Direcção de Produção Maria João Vicente 

Produção João Belo e Teresa Azevedo Gomes 

Apoios Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC, Clube Nacional de Natação (CNN).

O Teatro da Garagem é uma companhia financiada pelo Ministério da Cultura / Direcção Geral das Artes. 

www.teatrodagaragem.com