Citemor 1999



  © JORGE GONÇALVES

artistas unidos 

CICLO SEM DEUS NEM CHEFE

o amante de ninguém

Projeto de  Manuel Wiborg, Bruno Bravo, Silvie Rocha e Canal Craveira









Sab 7 Ago | 16:30 e 18:00 | Convento Sª Mª dos Anjos

CICLO

SEM DEUS NEM CHEFE
Artistas Unidos
Seminário

Porque os actores não são apenas intérpretes, caras de um catálogo à mercê dos encenadores. Ao acreditarmos que são artistas, exigimos dos actores uma responsabilidade cívica. Os actores são pessoas, que têm coisas para dizer às outras pessoas que, por acaso e vontade nesse dia, forem espectadores. Os actores são pessoas que treinam a produção dos espectáculos, que escolhem os textos que desejam fazer, que escolhem. Sem ninguém a dizer-lhes o caminho do bem. Na escuridão da sua liberdade. 

Jorge Silva Melo



O texto de O Amante estruturou-se a partir de monólogos das personagens masculinas do Sonho e das Voz a que se fo-ram juntando al-guns dos diálogos das Noites Brancas. Aquilo que agora aqui está é uma abordagem cénica ao jovem Dostoievski, às suas deambulações — que são realistas mas também são oníricas — pelo labirinto da cida-de, aos seus exaltados encontros e recuos, à irremediável solidão das suas personagens. Não se trata aqui de explorar o drama destes homens e mulheres dilacerados perante a in-comensurável gran-deza da vida, mas apenas indicá-lo, esboçar, apontar. É um espectáculo que tenta recu-perar o gesto de quem folheia um livro mais do que aquele de quem nele se perde, noite fora, absorto. Aquilo que aqui se pede ao es-pectador é o olhar de quem passeia pela cidade velha, usufruindo do tempo dos encontros e da visão das fachadas das casas, da passagem da luz sobre os prédios. As vidas das personagens, essas, surgem de vez em quando, ao sabor das esquinas, dos encontros adiados, do pensamento inacabado, das revisitações.
É de um gesto inacabado que nasce este espectáculo-introdução. É um gesto de acompanhamento: Dostoievski convida-nos a passear pela noite tépida destas almas solitárias, estas feridas em carne viva. Mas a flor da felicidade anda muito perto, na certeza de um instante que ao mesmo tempo passa e para sempre é. 

Manuel Wiborg


A partir de textos de Dostoievski 

Projecto Manuel Wiborg, Bruno Bravo, Sylvie Rocha e REF 

Interpretação Manuel Wiborg, Américo Silva e Sylvie Rocha

Música original REF (Luís San Payo, Luís Trigo Sousa e João Moreira) 

Figurinos Rita Lopes Alves 

Direcção técnica José Rui Silva

Fotografia Jorge Gonçalves 

Produção Helena Bragança Gil e Catarina Saraiva

Patrocínio Ministério da Cultura