estreia absoluta
Dois homens abordam-se sem se conhecer: "Diz-me o que queres e vendo-te" diz o primeiro, e o outro responde: "diz-me o que tens e eu digo-te o que quero". É o ideal sobre todas as formas. Todas as formas de "ideal" que a vida propõe, a verdade das relações entre os homens. Aqui, dois homens orgulhosos e provocadores: um "dealer" que nunca dirá o que propõe talvez porque é ele que está em falta e um cliente que exigirá sempre que o outro adivinhe o que ele quer talvez porque já não sabe como se faz para pedir. Aquilo que não podemos dizer e o que não vamos fazer. Nunca se deve presentear a sua fraqueza ao outro. Uma tentativa louca e tenaz, a descoberta de que se é pobre de desejo. Todas as feridas que podemos fazer ao desejo do outro e todo o sofrimento que se descobre e que ao mesmo tempo se recusa. De uma parte e de outra um igual amor próprio, um mal entendido doloroso, que termina de forma brutal. O excesso de desejo e a ausência dele. A angústia e mais uma vez, a solidão. Como se todas as formas de relacionamento entre dois seres humanos se conjugassem. O confronto, a ameaça, o desejo, a indiferença, o ódio, o amor.
Nuno M. Cardoso
Texto Bernard-Marie Koltès
Encenação Nuno M. Cardoso
Direcção António Lago
Interpretação Nuno Cardoso e Nuno M. Cardoso
Cenografia e figurinos Arminda Sousa Reis
Assistente para os figurinos Sara Barbosa
Desenho de luz Nuno Meira
Desenho de som e video Vitor Costa
Música Albrecht Loops
Fotografia Inês D'Orey
Desenho gráfico e instalação Bento DLC
Coreografia Joana Isabel Antunes