Citemor 1999



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teatro da garagem

mudanças




Sex 23 e Sab 24 Jul | 22:30 | Celeiro e Teatro Esther de Carvalho

estreia absoluta

Este projecto nasce da cumplicidade que se estabeleceu entre o Teatro da Garagem e o Citemor ao longo dos últimos cinco anos.
Assim, parece-nos importante, mais do que levar ao Citemor um espectáculo já estreado em Lisboa, apresentar no festival um objecto artístico de e para Montemor.
Para a concretização deste objecto serão utilizadas duas estratégias paralelas: uma residência/estágio na vila; uma recolha contínua de materiais sobre a sua história e a das suas vivências.
O trabalho de pesquisa e experimentação culminará na elaboração de um texto/guião e na apresentação do espectáculo "Mudanças".

Esta iniciativa tem um duplo objectivo: a perspectivação de uma didáctica teórico-practica sobre as características do objecto teatral contemporâneo uma ideia rectrospectiva, em que para isso procuraremos identificar algumas premissas oficinais que decorrem da nossa própria experiência ao longo destes dez anos, e "aplicá-las", ou seja teatralizá-las, através da invenção de um texto teatral que terá como modo ficcional histórias e lendas do imaginário de Montemor. O resultado desta dupla pesquisa deverá originar um espectáculo que evidencie as costuras, que se faça e desfaça, que é como quem diz coloque num mesmo plano o contar e o que é contado, na procura de uma anomalia, de um momento nú, perplexo e desafiante.
Será possível associar o happening à representação, o acontecimento à fixação do acontecer? Um teatro a partir de motes? Qual a organização que o sustenta? A desorganização? Queremos cada coisa no seu lugar: happenings, representação? E os não lugares do nosso tempo, esse permanente desafio à nossa percepção topográfica? Que lugar é o do teatro hoje, o lugar de tudo e nada, o lugar do antiteatro? Uma ilha de Próspero à volta do mundo.

Ideiasideias: "bicicleta iluminista", só a custo do pedalar generoso de alguém a cena se ilumina; vi uma cela de Fra Angélico com um buraco, uma mão estendia-me uma malga de sopa espelhos e danças, mudez; a invenção da linguagem, disse Benjamin, fez-nos perder essa capacidade de clarividência do primevo, acossado, terror de rabiscos exactos! Suavidade agora, relevo harmonioso, Hans Arp...histórias de amor, a Rapariga de Varsóvia, Rosarinho, o decote dela (delas), adolescências de cartão e pastilha elástica, barco a vapor... um café para ti, outro para mim. Ainda não conheces a história da peste e da arca do ouro? Pássaro roxo.

Este é um desafio que entronca perfeitamente nesta fase renovada da vida do Teatro da Garagem; talvez por isso o espectáculo tenha por título "Mudanças".

Carlos Jorge Pessoa


Dramaturgia Teatro da Garagem

Encenação Carlos Jorge Pessoa

Interpretação Anabela Almeida, Carlos J. Pessoa, Isabel de Castro, Joana Craveiro, Jorge Andrade, José Espada, Marco Delgado, Maria João Vicente, Miguel Mendes, Sara Belo e Silvia Filipe

Cenografia José Espada 

Música Daniel Cervantes 

Figurinos Maria João Vicente 

Desenho de luz João de Almeida 

Operação de luz Daniel Varela 

Produção Inês Correia e Maria João Vicente