Citemor 2002



  © RUI VIANA

JOÃO GALANTE E TERESA PRIMA

NOVA BABYLONIA



8 AGO | 22:30 | Castelo

A mãe diz que as pessoas só se interessam pelas aves se tiverem comportamentos humanos: gula, estupidez, ira e assim nos libertarem do terrível desgosto por sermos humanos. Ela acha que os humanos estão fartos de arcar com as culpas todas pela maldade do mundo. 

Contei à mãe a minha própria teoria sobre o que nos leva a gostar de aves: que as aves são um milagre, porque nos provam que há uma maneira de ser melhor, mais simples, que podemos esforçar-nos por atingir. 

in "A vida Depois da Morte", Douglas Coupland 


Em Nova Babylonia uma cybertribo conta-nos histórias que não têm início apenas começam - e que não têm fim simplesmente param. Os elementos coreográficos e sonoros emergem na estrutura da obra independentemente das acções que o precedem - uma criação sem aparente movimento, sem articulações temporais, sem um objectivo. O tempo é assim a componente essencial, para a compreensão da peça e o veículo pelo qual o enredo performativo estabelece um contacto com o espírito humano. 

Em Nova Babylonia, o tempo é uma relação entre as pessoas e os eventos perceptíveis por elas. 

Quando se torna aparente, nesta criação de Teresa Prima e João Galante nada acontece - no sentido tradicional o espectador tem então de descobrir novas maneiras de ver, sentir e pensar essa mesma obra. Uma obra com estas caracteristicas pede do público uma consciência activa e criativa. 

A estrutura coreográfica é constítuida por módulos performativos que existem por eles mesmos, em vez de participarem em uma qualquer progressão, desejo de cadência, ou intenção de atingir um clímax. A intenção, é de lentamente ir construindo uma acção, depois outra e assim sucessivamente, sem qualquer relação aparente entre elas, que não seja o puro encanto de ir construindo um bonito puzzle. 

Os eventos coreográficos e musicais irrompem como um fluxo, não o tempo! Nova Babylonia, é assim constítuido por uma série de eventos que contêm não só tempo, como o modelam. É um tempo virtual por contraste à sequência de actuais acontecimentos (tempo absoluto). 

Se a surpresa é um produto do pensamento linear, esta obra é então uma criação não linear. Numa era em que predomina a passividade, o receio de uma tomada de consciência e em que o simples pensar é um luxo, Nova Babylonia obriga-nos a uma reflexão obsessiva sobre o mundo real, através de alusões metafóricas a situações de um mundo banalizado, monótono, iconoclasta, dromológico, um mundo de poderes, de guerra e ódios; mas paradoxalmente, fá-lo iludindo-nos com uma visão futurista de um mundo em paz, vivendo em família, uma família imbuída de sonhos e esperança, de medos e coragem, de amor e alegria. 

Vítor Rua 


Direcção artistíca Teresa Prima e João Galante 

Aconselhamento artistíco Ezequiel Santos e Francisco Camacho 

Intérpretes Margarida Mestre, João Galante, Mariana Rodrigues, Ronald Burchi, Teresa Prima 

Banda sonora (original e ao vivo) Vítor Rua 

Cenografia e figurinos Kitty Oliveira 

Produção de video Rui Viana 

Luz Cristina Piedade 

Produção executiva Ana Borralho 

Co-produção Danças na Cidade, Advancing Performing Arts Project, Eira e Forum Dança 



Bilhete: € 10

Bilhete com desconto: € 6

(desconto para < 25 anos, estudantes e profissionais do espectáculo)