Citemor 2009

  © JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

VIDEO 2001-2007, #1


24 Jul a 15 Ago, de Qua a Dom | 16:00/22:00 | Galeria Municipal

“(...) O trabalho artístico de José Maçãs de Carvalho (Anadia, 1960) tem vindo a reflectir - interferindo com base numa acção interdisciplinar e disseminadora - sobre as relações de dependência e contaminação entre o processo criativo, a imagem e a linguagem, operando, a partir desses conceitos, uma espécie de análise crítica em torno da fragmentação e virtualização deceptiva do real contemporâneo.

O seu trabalho tende, por isso, a reflectir situações de comunicação-limite, dessa forma evocando o paradoxo de uma incomunicabilidade que se repercute como desafio à receptividade do espectador, obrigando-o frequentemente a uma tomada de posição activa e consciente.
(...) o artista trabalha num registo dialéctico entre a sedução visual da imagem e o poder desestruturante da palavra (...). Com efeito, é essa espécie de fricção linguística que impede o apogeu contemplativo da imagem e do seu sentido exclusivamente estético ou acrítico. Há deste modo uma decepção do expectável que funciona como antídoto à indiferença, projectando assim uma hipótese não forçada de experiência reflexiva mais fecunda (...). Podemos então afirmar que a fricção linguística conduz todo o trabalho deste artista, (quer seja em vídeo, fotografia, ou noutros recursos disciplinares) determinando ao mesmo tempo o uso elaborado da imagem. Porém, este último mantém-se operacional num plano oposto ao da sedução ou superficialidade comum ao nosso quotidiano imagético. A imagem em José Maçãs de Carvalho é quase sempre convocada como expressão crítica do seu próprio universo comunicacional, pois só a instrumentalização conceptual da imagem permite questionar os mecanismos de afirmação e construção da identidade, reconhecendo e invertendo, na medida do possível, a manipulação exercida pelo grande espectáculo dos média, principais responsáveis pela disseminação progressiva da nossa percepção sobre as (in)diferenças entre o real e o virtual.”

In David Santos, “Quando a arte não é só arte”, Museu do Neo-Realismo, 2008


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