Citemor 2017
QUI 7 DEZ 21:30 // Garagem Auto Peninsular, Figueira da Foz
Há meses que observo, através de um microscópio, matérias orgânicas que mudam de estado. Poderíamos dizer que olho, de maneira obsessiva aquilo que se degrada, se por degradação entendermos a perda de determinadas características de um corpo. O que vejo é pura mudança, é uma paisagem em constante movimento.
Ao mesmo tempo que olho estas paisagens danço, a minha dança é a constatação de que eu também mudo, da mesma forma que as imagens que vejo através desse microscópio, degrado-me, mudo.
“El nacimiento de la bailarina vieja” é um estudo sobre a mobilidade dos corpos envelhecidos, que tem como protagonista uma criatura ficticia, uma bailarina que nasceu já velha. O princípio que alimenta a criação desta personagem é imaginar que nesse corpo não existiu a perda de mobilidade, nem de força, ela, a bailarina velha sempre foi assim.
A dança da bailarina velha desenha-se através de uma carne que nunca foi todo-poderosa, pelo qual, não existe a melancolia da perda, nem existe a luta entre o que foi e o que é. A dança da bailarina velha dialoga com a ideia de limite como parte da sua própria essência.
As paisagens onde se move esta bailarina velha foram construídos pela degradação e mudança da matéria. A música onde se apoiam os seus movimentos são os sons da transformação do orgânico. A pergunta que lança o corpo envelhecido interroga-nos sobre as ideias de principio e de fim.
A bailarina velha Elena Córdoba
Criação de dispositivos visuais e espaço cénico David Benito
Criação de dispositivos sonoros e criação musical Carlos Gárate
Iluminação Carlos Marquerie
Assistente de direcção Mar López
Dramaturgias do olhar Jaime Conde Salazar
Colaboração La Real Academia de España en Roma
Apoio Citemor – Festival de Montemor-o-Velho
“El nacimiento de la bailarina vieja” é a primeira peça de “La edad de la carne”, um projecto de estudo e criação em torno do envelhecimento dos corpos.
M/16; 50'