Citemor 2019

25 Quinta 21:30 - Teatro da Cerca de São Bernardo, Coimbra

JOÃO FIADEIRO

From afar it was an island. De perto, uma pedra

© Alípio Padilha

"De perto, uma pedra" completa a frase que poderia ter sido escrita por Bruno Munari na sequência de "From afar it was an island", título de um livro para crianças que "pedi emprestado" para nomear o espectáculo que estreou no Festival DDD no Porto de 2018 (a partir de uma encomenda do Alkantara Festival).

“De perto, uma pedra” é uma nova abordagem de "From afar it was an island” que propõe exactamente aquilo que o título sugere: proporcionar ao espectador/visitante que olhe de perto (e por dentro) de um trabalho que foi originalmente desenhado para ser olhado de longe (e por fora). Este movimento de re-visitação para ambientes in situ de obras originalmente desenhadas para palco, é uma prática cada vez mais recorrente no meu percurso. Retomar e remontar a mesma matéria, mas em modo unplugged, lo-fi , libertando-a da tirania da narrativa que o aparato teatral obriga, é cada vez mais recorrente na relação com os objectos e artefactos que João Fiadeiro produz. Como se, para suspender a expectativa do espectador (e activar uma percepção da ordem do sensorial e do sensível), fosse necessário retirá-lo do “lugar marcado” (fixo, imóvel, inerte) que este ocupa na plateia.

"From afar it was an island" e "De perto, uma pedra" são coreografados com gestos armazenados pelo cinema, todo “escrito” com essas “palavras”, e com a tensão que é mantida no interior desses fragmentos. Um conjunto de mais de uma centena de filmes dos quais foram extraídas pessoas que se vestem, caminham, param, esperam, conversam... O raccord, próprio da linguagem cinematográfica, será o princípio capaz de articular relações entre esses gestos: alguém enche um copo de água na mesa da sua cozinha CORTA PARA outro alguém que derruba um copo de vodka no balcão de um bar. Na mesa de edição o raccord que uniria esses dois gestos não esconderia o salto espacial e temporal que separa as duas cenas, que podem, inclusive, ser de dois filmes diferentes. No teatro, no entanto, temos a unidade espacial e temporal do palco, e temos o corpo que se apropria e une as duas cenas, sem que possamos notar o instante exacto em que uma cena acaba e outra começa. Os gestos acumulam-se, o futuro não é previsível e o passado não é escrito. Os gestos são contidos no presente da sua própria presença, e no entanto continuam. Em "From afar it was an island” o gesto fixado pelo cinema é possuído pelo fantasma do gesto da dança: o esquecimento.”

JOÃO FIADEIRO e LEONARDO MOURAMATEUS

Conceito João Fiadeiro

Co-direcção João Fiadeiro, Leonardo Mouramateus, Carolina Campos

Performance e co-criação Carolina Campos, Adaline Anobile, Márcia Lança ou Nuno Lucas, Iván Haidar e Julián Pacomio

Captação sonora em tempo real João Bento

Luz Leticia Skrycky

Espaço João Fiadeiro e equipa a partir do espaço cénico de “From afar it was an island” de Nadia Lauro (cenografia),

Gabriela Forman (figurinos) e Bruno Bogarim (objectos)

Produção Sinara Suzin

Difusão Somethinggreat

Co-produção (De perto, uma pedra) Temps d’Image / Duplacena; Atelier REAL

Co-produção (From afar it was an island) Alkantara; Festival DDD; Teatro Viriato; Teatro Avenida; Centre National de la Danse

Apoio Câmara Municipal de Lisboa/ Polo Cultural Gaivotas | Boavista

"From afar it was an island" foi financiado pela Direção Geral das Artes


www.re-al.org


M/6; 50' aprox