Citemor 2013

Que queremos da vida? Encontramo-nos envoltos numa capa, e noutra capa que cobre a outra, e assim sucessivamente. Aquele que tiver conseguido despojar-se de todas essas capas de artificialidade encontrou NADA. Porque a vida é envolvermo-nos em roupagens, em serpentes de cores, de botas, de tecidos palestinianos, de fatos Gucci, de macacões de mecânico, de camisas heavy metal, de coleiras, de palavras, de maneiras de andar, de música, de sorrisos, de idiomas, de comida, de muita comida… 

E a questão mantém-se, não desaparece. Continua a atormentar o nosso cérebro: Mas de onde raio saem estas capas? Não consigo imaginar um armazém com todas as capas da humanidade. No espaço X secção 43, estante 12 encontrará o seu modo de falar, as suas palavras para amar. No espaço Z, secção 22, estante 34 encontrará a sua capa de trabalhador. Siga as indicações e encontre a sua capa completa. 

Não duvides, nem por um instante, que algumas das tuas capas te foram imputadas sem seres consultado. Bom, talvez te tivessem perguntado quando não tinhas ainda a capa para dizer ‘sim’ ou ‘não’. 

Não tenhas medo. Permite que os teus olhos observem, que a tua curiosidade te leve a despojares-te de cada uma das capas que cobrem a tua pele. Não é para ficares com NADA, mas sim para as atirares para o chão, colá-las à parede e colocá-las perante a tua vista para, apenas por um instante, apenas por um dia, poderes ver tudo aquilo que carregas às costas. Dá-te esse prazer e volta-te a vestir. Apenas por um instante.

Alexis Borràs

Direcção e interpretação Sergi Fäustino 

Som Mónica Pascual 

Fotografia Roger Adams

Enfermeiros Sandra Pereira e Rui Ferreira

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O espectador define o preço do bilhete